V Lai Lai Apejo

ACMUN realiza o V Lai Lai Apejo nos dias 28, 29 e 30 de junho de 2010, em Porto Alegre-RS.

Abertura do V Lai Lai Apejo

O V Lai Lai Apejo - Seminário Nacional de DST/AIDS e Saúde da População Negra inicia na próxima segunda-feira (28.06.2010), às 8 horas, no Hotel Continental de Porto Alegre/RS, com o credenciamento dos participantes das cinco regiões do País.

No turno da manhã acontecerá duas mesas de debates, sendo a primeira sobre Política Pública e Diversidade, com a palestrante Denise Botelho da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN. Logo em seguida a Dr. Jurema Werneck, do Conselho Nacional de Saúde e da Articulação de Mulheres Negras falará sobre a Harmonização de Conceitos.

No turno da tarde será montada a mesa oficial com autoridades do setor da saúde, como o Secretário Municipal de Saúde, Carlos Henrique Casartelli, além de representantes das Rede Lai Lai Apejo, Rede Controle Social e Saúde da População Negra e a Rede de Religiões Afro e Saúde. Em seguida ocorrerá a apresentação artística com o recital poético "Batuque, tuque, tuque", com as atrizes Vera Lopes, Josiane Acosta e os músicos Pâmela Amaro e Oná Abiasé, que tem espetáculo inspirado e baseado nas obras do poeta e historiador Oliveira Silveira.

Dando continuidade ao ciclo de mesas debates, acontece a conferência “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no Mundo” e a “Produção de conhecimento científico – população negra e HIV/AIDS”, dando encerramento as atividades do primeiro dia de seminário.

Contamos com a sua participação!!!

Serviço:
O Quê: V Seminário Nacional Lai Lai Apejo
Onde: Hotel Continental, Largo Vespasiano Julio Veppo, número 77, próximo a estação rodoviária de Porto Alegre.
Quando: 28, 29 e 30 de junho.
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Programação Oficial do V Lai Lai Apejo

28/06
8h - Credenciamento
9h – Saudação aos participantes - ACMUN
9h30 – Política Pública e Diversidade
Facilitadora: Denise Botelho - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN-UNB)
11h – Harmonização de Conceitos
Dra. Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde/Articulação de Mulheres Negras Brasileiras/AMNB
12h – Almoço
14h – Cerimônia de Abertura
15h - Conferência: “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no Mundo”
Dra. Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde/Articulação de Mulheres Negras Brasileiras/AMNB
Coordenação: Elaine Oliveira Soares - Área Técnica de Saúde da População Negra da SMS de Porto Alegre
16h30 – Conferência: “Produção de conhecimento científico – população negra e HIV/AIDS”
Dra. Cristina Possas – Diretora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (UPDT/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais – MS)
Debatedora: Dra. Maria Inês Barbosa – Pesquisadora Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
Coordenadora: Dra. Denise Botelho - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN-UNB)

29/06/10
08:30 - Viver e Envelhecer: Pessoas vivendo com HIV/AIDS
Eliana Aparecida dos Santos – Movimento das Cidadãs Posithivas
Maria Aparecida Lemos – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
Coordenadora: Michely Ribeiro – Rede de Mulheres Negras do Paraná
10h30 – Identidades, Sexualidades e Aids
Juliano Gonçalves Pereira - Rede Afro Atitude
Angela Donini - Fundo de População das Nações Unidas
Verônica Lourenço – Rede Sapatá
Chindalena Barbosa - Associação Frida Kahlo
Coordenador: Adailton da Silva – Universidade Federal do Amazonas
12h - Almoço
14h – HIV/AIDS no Brasil e no mundo
Karen Bruck - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – Ministério da Saúde
Debatedor: Celso Ricardo Monteiro – Coordenação Municipal de DST/AIDS de São Paulo
Coordenadora: Cleusa Aparecida da Silva – Casa Laudelina
17h– Experiências em HIV/AIDS e população negra
Miranete Arruda – Gerente da Política de Saúde da População Negra do Recife/PE
Ângela Martins - Rede de Mulheres Negras do Paraná
Coordenadora: Damiana Oliveira – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais

30/06
08h30 - Agenda Comum
Coordenador: Rede de Religiões Afro e Saúde – Jose Marmo da Silva
10h30 – Comemoração dos 100 anos do Primeiro Relato Científico da Doença Falciforme - Transmissão ao Vivo via internet
13h – Encerramento
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Preparação para o V Lai Lai Apejo

Tudo pronto para o V Lai Lai Apejo - Seminário Nacional de DST/Aids e Saúde da População Negra em Porto Alegre/RS.
O evento ocorre nos dias 28, 29 e 30 de junho, no Hotel Continental, próximo à rodoviária da capital gaúcha.

Organização do material que será distribuído durante os três dias de evento.





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Seminário sobre a saúde da população negra começa nesta segunda-feira.


O V Lai Lai Apejo- Seminário Nacional de DST/AIDS e Saúde da População Negra tem a intenção de debater, durante os três dias do encontro, políticas públicas para esse segmento da sociedade.

A Associação Cultural de Mulheres Negras (ACMUN) juntamente com a Rede Nacional Lai Lai Apejo: População Negra e HIV/Aids realizam nos dias 28, 29 e 30 de junho o V Seminário Nacional Lai Lai Apejo, que significa “Encontro Para Sempre” em expressão iorubá, no Hotel Continental em Porto Alegre.

Com o objetivo de contribuir para a articulação das organizações civil, profissionais e gestores para a proposição, monitoramento e avaliação das políticas públicas, ações, programas e projetos governamentais, na área da saúde, na perspectiva de combate ao racismo institucional, em saúde da população negra. O termo racismo institucional busca dar visibilidade a processos de discriminação indireta que ocorrem no seio das organizações.

A programação consiste em debates, palestras, mini-conferências e apresentações culturais. Os temas abordados durante o seminário serão sobre “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no Mundo”, além de “Produção de Conhecimento Científico – População Negra e HIV/Aids”, “ Nascer, Viver e Envelhecer: Pessoas vivendo com HIV/Aids (Situação do Sujeito)” e “Experiências em HIV/Aids e População Negra”.

Lai Lai Apejo é um encontro estratégico que tem como foco principal debater temas sobre a saúde da população negra. Promovido, inicialmente pela ACMUN, da cidade de Porto Alegre/RS, desde 2002, se torna um marco na história da capital gaúcha. Esta iniciativa propicia troca de experiências e saberes entre os participantes e prevê a luta em defesa da equidade de gênero e raça/etnia. O encontro em si, já reuniu centenas de pessoas desde sua criação, que através de troca de experiências procuram encontrar soluções para os problemas existentes na sociedade.


Serviço:
O Quê: V Seminário Nacional Lai Lai Apejo
Onde: Hotel Continental, Largo Vespasiano Julio Veppo, número 77, próximo a estação rodoviária de Porto Alegre.
Quando: 28, 29 e 30 de junho.


PROGRAMAÇÃO
28/06


8h - Credenciamento
9h – Saudação aos participantes - ACMUN
9h30 – Harmonização de Conceitos
Facilitadora: Dra. Fernanda Lopes - Fundo de População das Nações Unidas
12h – Almoço
14h – Cerimônia de Abertura
15h - Conferência: “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no
Mundo”
Dra. Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde/Articulação de Mulheres Negras
Brasileiras/AMNB
Coordenação: Elaine Oliveira Soares - Área Técnica de Saúde da População Negra da SMS de
Porto Alegre
16h30 – Conferência: “Produção de conhecimento científico – população negra e HIV/AIDS”
Dra. Cristina Possas – Diretora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
(UPDT/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais – MS)
Debatedora: Dra. Maria Inês Barbosa – Pesquisadora Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA)
Coordenadora: Dra. Denise Botelho - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPNUNB)

29/06
8h30 – HIV/AIDS no Brasil e no mundo (Situação Epidemiológica)
Karen Bruck - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – Ministério da Saúde
Debatedor: Celso Ricardo Monteiro – Coordenação Municipal de DST/AIDS de São Paulo
Coordenadora: Cleusa Aparecida da Silva – Casa Laudelina
10h30 – Nascer, Viver e Envelhecer: Pessoas vivendo com HIV/AIDS (Situação do Sujeito)
Micaela Cyrino – Rede Nacional de Jovens Vivendo com HIV/AIDS
Eliana Aparecida dos Santos – Movimento das Cidadãs Posithivas
Maria Aparecida Lemos – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
Coordenadora: Michely Ribeiro – Rede de Mulheres Negras do Paraná
12h - Almoço
14h – Identidades, Sexualidades e Aids (Situação Política)
Juliano Gonçalves Pereira – Jovem Homem - Rede Afro Atitude
Angela Donini – Gênero - Fundo de População das Nações Unidas
Verônica Lourenço – Lésbicas – Rede Sapatá
Chindalena Barbosa – Jovem Mulher - Associação Frida Kahlo
Coordenador: Adailton da Silva – Universidade Federal do Amazonas
17h– Experiências em HIV/AIDS e população negra
Miranete Arruda – Gerente da Política de Saúde da População Negra do Recife/PE
Ângela Martins - Rede de Mulheres Negras do Paraná
Coordenadora: Damiana Oliveira – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais
19h – Momento Cultural

30/06
08h30 - Agenda Comum
Coordenador: Rede de Religiões Afro e Saúde – Jose Marmo da Silva
10h30 – Comemoração dos 100 anos do Primeiro Relato Científico da Doença Falciforme -
Transmissão ao Vivo via internet
13h – Encerramento


Contato
ACMUN – (51) 3062-7009
Heloisa Duarte – (51) 8229-0662
Camila de Moraes – (51) 8451-6361
http://acmunrs.blogspot.com
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Programação Completa do V Lai Lai Apejo

PROGRAMAÇÃO
28/06

8h - Credenciamento
9h – Saudação aos participantes - ACMUN
9h30 – Harmonização de Conceitos
Facilitadora: Dra. Fernanda Lopes - Fundo de População das Nações Unidas
12h – Almoço
14h – Cerimônia de Abertura
15h - Conferência: “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no
Mundo”
Dra. Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde/Articulação de Mulheres Negras
Brasileiras/AMNB
Coordenação: Elaine Oliveira Soares - Área Técnica de Saúde da População Negra da SMS de
Porto Alegre
16h30 – Conferência: “Produção de conhecimento científico – população negra e HIV/AIDS”
Dra. Cristina Possas – Diretora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
(UPDT/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais – MS)
Debatedora: Dra. Maria Inês Barbosa – Pesquisadora Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA)
Coordenadora: Dra. Denise Botelho - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPNUNB)

29/06
8h30 – HIV/AIDS no Brasil e no mundo (Situação Epidemiológica)
Karen Bruck - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – Ministério da Saúde
Debatedor: Celso Ricardo Monteiro – Coordenação Municipal de DST/AIDS de São Paulo
Coordenadora: Cleusa Aparecida da Silva – Casa Laudelina
10h30 – Nascer, Viver e Envelhecer: Pessoas vivendo com HIV/AIDS (Situação do Sujeito)
Micaela Cyrino – Rede Nacional de Jovens Vivendo com HIV/AIDS
Eliana Aparecida dos Santos – Movimento das Cidadãs Posithivas
Maria Aparecida Lemos – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
Coordenadora: Michely Ribeiro – Rede de Mulheres Negras do Paraná
12h - Almoço
14h – Identidades, Sexualidades e Aids (Situação Política)
Juliano Gonçalves Pereira – Jovem Homem - Rede Afro Atitude
Angela Donini – Gênero - Fundo de População das Nações Unidas
Verônica Lourenço – Lésbicas – Rede Sapatá
Chindalena Barbosa – Jovem Mulher - Associação Frida Kahlo
Coordenador: Adailton da Silva – Universidade Federal do Amazonas
17h– Experiências em HIV/AIDS e população negra
Miranete Arruda – Gerente da Política de Saúde da População Negra do Recife/PE
Ângela Martins - Rede de Mulheres Negras do Paraná
Coordenadora: Damiana Oliveira – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais
19h – Momento Cultural

30/06
08h30 - Agenda Comum
Coordenador: Rede de Religiões Afro e Saúde – Jose Marmo da Silva
10h30 – Comemoração dos 100 anos do Primeiro Relato Científico da Doença Falciforme -
Transmissão ao Vivo via internet
13h – Encerramento
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Faça a sua inscrição para o V Lai Lai Apejo

Você poderá fazer a sua inscrição para o V Lai Lai Apejo - Seminário Nacional de Saúde da População Negra através do preenchimento e envio da ficha de inscrição para o e-mail inscricoeslailaiv@yahoo.com.br.

Ficha de Inscrição:
Inscrições
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RG: Órgão emissor: CPF:
Telefone residencial(DDD): Celular (DDD):
E-mail:
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Profissional/ Trabalhador/ a de Saúde ( ) Estudante ( )
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Estatuto da Igualdade Racial é uma ameaça à Saúde da População Negra?

O dia 17 de junho de 2010 amanheceu agitado, com vários pedidos de entrevista e de trocas de informações. Telefone tocando, caixa postal cheia de comentários e indagações. Descontentamento de todos os lados. Afinal, o Estatuto aprovado pelo Senado Federal, capitaneado por uma estranha aliança entre o Partido dos Trabalhadores e o Democratas às vésperas de processo eleitoral nacional é bom para quê? Para quem?

Decididamente não é bom para gente que, como eu, como tantas e tantos, lutamos cotidianamente para garantir que o desejo da sociedade brasileira por justiça se mantenha vivo e sem entraves (por que eles não nos ouviram?).

Também não é bom para aquelas e aqueles que precisam agora viver e fazer acontecer a certeza que o racismo está mais fraco, que o Brasil pode ser o que um dia desejou ser: uma democracia sem racismo ( por que eles não nos seguiram?)

Tampouco será bom para aquelas e aqueles que, como nós, entendemos representação como compromisso. Trabalho legislativo como escuta - diálogo - com a sociedade (onde foi que estes princípios se perderam?).

Quanto à luta contra ao racismo patriarcal, esta teve reafirmadas suas razões para existir e seguir em frente na direção de um país melhor, aquele que ainda não existe. Mas que, pela força de nosso compromisso, um dia vai existir - nem que seja para as netas de nossas netas. Para as descendentes das descendentes de Acotirene e Na Agotime, de Xica da Silva e Mariana Crioula, de Laudelina Campos Melo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Obassy. Por isso elas lutaram. Para isso herdamos suas lutas.

Foi um dia de indagações: o que significam as mudanças no capítulo sobre saúde? Supressão da obrigatoriedade de registro da cor das pessoas nos formulários de atendimento e notificação do Sistema Único de Saúde? Abandono da necessidade de pactuação entre União, Estados e Municípios para a descentralização de políticas e ações em saúde da população negra? Abdicação da definição de indicadores e metas na política pública? Afinal, o que eles queriam negar? O que pensaram aprovar?

É preciso reconhecer que, num primeiro plano, as decisões tomadas de supressão destes itens, parecem ter se baseado em grande ignorância sobre os processos de gestão de saúde. O que precisariam saber? Que em 2006 o Conselho Nacional de Saúde, organismo que por lei tem a tarefa de aprovar a criação de políticas na área de saúde, já havia aprovado por unanimidade esta que um ministro de políticas de promoção da igualdade racial, um ex-ministro de políticas de promoção da igualdade racial, senadores do Democratas em aliança com senadores do Partido dos Trabalhadores e muitos assessores deles aparentemente desconhecem: a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Eles também aparentemente ignoravam o fato de que esta mesma política já foi pactuada pelos entes federados na Comissão Intergestores Tripartite/ CIT, também segundo preceitos legais para a gestão de políticas no campo da saúde. Esta pactuação definiu um Plano Operativo com atribuições diferenciadas e complementares para a União, os 27 estados brasileiros e os mais de 5600 municípios do país, contendo 25 ações a serem desenvolvidas em 04 anos, com 29 metas a serem alcançadas no período, em duas fases: a primeira, entre os anos de 2008 e 2009 e a segunda, entre 2010 e 2011, com duas prioridades a enfrentar: a) problema 1: Raça Negra e Racismo como Determinante Social das Condições de Saúde: acesso, discriminação e exclusão social; e b) problema 2: Morbidade e Mortalidade na População Negra. Possivelmente ignoravam que a assinatura deste compromisso pelo Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde/CONASS e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde/ CONASEMS aconteceu em abril de 2007. Tampouco deviam saber de sua publicação no Diário Oficial na União em 14 de maio de 2009 (Portaria 992). Além do atual desenvolvimento de iniciativas, ainda que iniciais, nas diferentes regiões, estados e cidades do Brasil. Isto apesar da insistência criminosa do Congresso Nacional em negar financiamento para a saúde e sendo conivente, ou mais, co-patrocinador da ampliação da vulnerabilidade de brasileiros e brasileiras, da manutenção de altas taxas de sofrimento, adoecimento e mortes.

Mas toda a magnitude de sua ignorância se coloca ao considerarem que nós, que sabemos disto porque somos parte da luta que gerou tais conquistas, iríamos permitir que tal irresponsabilidade vá longe demais!

Preciso dizer que reconheço, além das marcas da grande ignorância orgulhosa, fortes sinais de um racismo também orgulhoso de dizer seu nome em público. Pois o que, senão ele, fez com que parlamentares e partidos à beira da obsolescência acreditem que se pode impunemente ignorar os indicadores de saúde da população negra, que contradizem perspectivas de justiça e de direito. Somente o racismo lhes dá desprezo pelo Outro o suficiente e faz com que aceitem a morte de mulheres negras em taxas seis vezes maiores do que as brancas, por causas evitáveis por um pré-natal destituído de racismo e preconceito, elevando as taxas de morte materna no Brasil a patamares escandalosos. Ou que considerem irrelevante a freqüência de homicídios contra a população negra ter aumentado de 24.763 vítimas de assassinatos para 29.583 entre os anos de 2000 e 2006, segundo dados do Ministério da Saúde, enquanto que a freqüência de mortes de pessoas brancas pela mesma causa caiu de 18.712 para 15.578 no mesmo período. O que traduz riscos insuportáveis de homens negros, especialmente os jovens, morrerem por homicídio e patamares 2,2 vezes mais altas do que para homens brancos. E riscos para mulheres negras 1,7 vezes maiores do que para as mulheres brancas. E estamos falando em resultados da política de desarmamento e das iniciativas de segurança dita pública! Isto acompanhado de maiores taxas de mortalidade infantil para crianças negras, cuja diferença em relação às brancas também aumenta; ou a enorme tragédia do adoecimento mais cedo, de maior vivência de agravamento e complicações por doenças evitáveis ou facilmente tratáveis. E os efeitos devastadores da hipertensão entre nós, com maiores taxas de morte e acidente vascular cerebral e suas seqüelas; ou da falta de diagnóstico e tratamento do diabetes tipo 2, que resultam em maior mortalidade, mutilações, cegueira e suas tragédias pessoais, familiares, comunitárias.

Como parlamentares, partidos e assessores puderam acreditar que acharíamos sua displicência, seu descaso, seu desprezo, sua falta de solidariedade e compromisso outra coisa senão racismo?

Por isso respondo a quem me pergunta que sim, o Estatuto aprovado faz mal para a saúde da população negra, ao Sistema Único de Saúde e à sociedade brasileira. Não por seus efeitos diretos, pois esta mesma população negra, o SUS (que é feito por pessoas, trabalhadoras e trabalhadores, gestoras e gestores, que buscam fazer bem o seu trabalho) e a sociedade dispõem de mecanismos que não hesitarão em usar para garantir que os avanços já conquistados até aqui sejam mantidos. Mas principalmente por que um Congresso Nacional e seus partidos políticos desvinculados tão acintosamente dos sonhos e projetos de justiça social e equidade torna nosso mundo pequeno, menor. Subtrai, entre todas e todos nós, uma fatia da ética e da solidariedade. Magoa nosso desejo de futuro melhor para todas e todos.

Mas, como costumamos dizer e já faz muito tempo: a luta continua!


Por Jurema Werneck - Conselheira Nacional de Saúde, Coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra do CNS. Representante da Articulação de Organizações de Mulheres negras Brasileiras/ AMNB, coordenadora de Criola.
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Taxa de mortalidade materna no Distrito Federal é duas vezes maior que a preconizada pela OMS

Risco em dobro para as grávidas

A mortalidade materna no Distrito Federal é de 50,4 para cada 100 mil nascidos vivos, ou seja, duas vezes e meia maior que o nível tolerado pela Organização Mundial da Saúde. Doenças hipertensivas são as que mais matam as gestantes

A taxa de mortalidade materna no Distrito Federal é duas vezes e meia maior do que o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No ano passado, 20 mulheres morreram por complicações na gravidez para um total de 39.605 bebês nascidos vivos. Para atender a meta da OMS, o número de mortes não poderia ser superior a 7,9. As doenças hipertensivas, as hemorragias, as infecções e os abortamentos, nessa ordem, são os principais motivos das mortes.

Proporcionalmente, a taxa do DF gira em torno de 50,4 mortes por 100 mil bebês nascidos vivos. A situação é ainda mais preocupante porque, nos últimos anos, o governo local não tem conseguido reduzir os índices. Por conta disso, especialistas afirmam que é praticamente impossível que a capital do país atinja a meta acordada pelo Brasil com a Rede de Intercâmbio e Difusão de Experiências Exitosas para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Um desses objetivos é reduzir em 75% a taxa de mortalidade materna de 1990 (leia Para saber mais).

Para ficar dentro da meta pactuada, o DF precisará chegar a 2015 com 30 mortes por 100 mil nascidos vivos (número proporcional), tarefa considerada impossível pelo médico obstetra da Secretaria de Saúde do DF Avelar de Holanda Barbosa. "O problema é que, nos últimos seis anos, as nossas taxas estão estáveis e altas. Para termos sucesso, ela deveria estar caindo desde 2000", ressalta.

Segundo Barbosa, diferentemente da mortalidade infantil - em que apenas o incentivo ao aleitamento materno provoca melhoria nas estatísticas -, a curva da mortalidade materna demora a cair. "Quase 98% das mortes são evitáveis. Mas o sistema de saúde precisa melhorar como um todo, e isso não aconteceu nos últimos anos. Não estou falando de mais dinheiro. O que precisamos é de bons gestores de saúde." Na opinião do obstetra, o Brasil e Brasília deveriam ter índices muito superiores. Segundo ele, Argentina, Chile e Cuba estão em condições bem melhores.

Pré-natal

Um dos caminhos para reduzir a mortalidade é a melhoria da qualidade do pré-natal. No Brasil - assim como no DF -, o número de consultas durante a gestação aumentou mas, segundo os especialistas, o atendimento não é de qualidade ou não é integrado com as maternidades. Avelar cita pelo menos dois problemas detectados na rede há poucos dias: faltou material para fazer a tipagem sanguínea e reagentes para testes de sífilis. "São duas coisas importantíssimas para a saúde da mãe e do bebê. Aliado a isso, você pega um doutor despreparado, que nem toca na mulher, não descobre patologias que podem ser tratadas e aí está dada a receita para o desastre."

A auxiliar de serviços gerais Ana Dias dos Santos, 26, está no oitavo mês da terceira gestação. O primeiro filho nasceu vivo, mas morreu logo em seguida porque, segundo os médicos, respirou líquido da placenta. Um tempo depois, ela engravidou novamente e sofreu aborto ao completar um mês de gestação. Por conta do histórico, Ana foi incluída no pré-natal de alto risco. Dessa vez, está tudo bem com ela e o bebê, que vai se chamar Cauã. Sobre a rotina de consultas, Ana diz que muitos médicos fazem exames superficiais. "Se você não chegar falando tudo, eles não perguntam nada. Quando você fala demais, perdem a paciência. Acho que deviam ser mais atenciosos."

Estatísticas pouco confiáveis

O Brasil enfrenta dois grandes problemas para reduzir as taxas de mortalidade materna. Segundo especialistas, as informações sobre o número de mulheres que perdem a vida durante a gestação ou em até 42 semanas após o parto são pouco confiáveis. Assim como em algumas regiões, as causas que levaram à morte ainda são pouco investigadas, o que, consequentemente, dificulta o desenvolvimento de políticas que reduzam as ocorrências.

A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz, Maria do Carmo Leal, cita o Norte, o Nordeste e o Mato Grosso como regiões onde as estatísticas ainda são deficitárias. "No Brasil, usamos um estimador de erro de 40%, que está desatualizado e foi feito para ser aplicado somente sobre os dados das capitais. É preciso um estudo urgente sobre o tamanho da mortalidade materna no país", defende.

Ela afirma que dificilmente o Brasil conseguirá atingir a meta de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos. "Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, que conhecemos bem os casos, a mortalidade tem relutado em cair", ressalta. Na avaliação dela, isso ocorre porque o pré-natal está identificando menos do que deveria as mulheres de risco para complicação ou gravidez terminada em morte. A médica defende que, além de melhorar a qualidade do pré-natal, os médicos precisam acompanhar as pacientes até o momento do parto.

Apesar da descrença de especialistas no sucesso em reduzir a mortalidade materna, o assessor especial do Ministério da Saúde Adson França acredita na possibilidade de o Brasil alcançar a meta. De 1990 a 2007, a Razão da Mortalidade Materna (RMM) foi reduzida de 140 para 75 óbitos por 100 mil nascidos vivos - o que representa quase 50% a menos. Para cumprir uma das submetas do quinto Objetivo do Milênio - Melhorar a Maternidade Materna - o Brasil deverá apresentar resultados iguais ou inferiores a 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2015, o que corresponde a uma redução de três quartos em relação ao valor estimado em 1990.

França destaca que, tão importante quanto cumprir a meta é reconhecer a melhoria na qualidade do atendimento à mulher. "O número de consultas de pré-natal, por exemplo, atingiu 19,4 milhões em 2009 - aumento de 126,2% em relação a 2003, quando foram registradas 8,6 milhões", diz. Em 1990, a média da quantidade de consultas pré-natal em mulheres durante a gravidez era de 2,2, enquanto que, em 2006, chegou a 7,4. (AB)

Para saber mais ONU criou oito metas

Os objetivos de Desenvolvimento do Milênio são oito metas assumidas por 191 países-membros das Nações Unidas. A intenção é melhorar os indicadores sociais, ambientais e econômicos. Quando o Brasil passou a integrar a Rede de Intercâmbio e Difusão de Experiências Exitosas para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (IDEEA-ODM), assumiu o compromisso de reduzir a mortalidade materna em 75% da taxa de 1990 - 124 mortes por 100 mil nascidos vivos. Como havia subnotificação dos casos, acordou-se que, sobre os dados apurados, seria aplicado um percentual de 40% de correção.

São oito as metas do milênio: acabar com a fome e a miséria; garantir o ensino fundamental de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater a aids, a malária e outras doenças; promover a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; ter todo o mundo trabalhando pelo desenvolvimento. (AB)

Fonte: Adriana Bernardes - Correio Braziliense
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Metade dos Estados investem menos que o mínimo em saúde, diz governo

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2008 treze estados deixaram de aplicar no setor o mínimo obrigatório previsto na Constituição. O valor que não foi investido - R$ 3,1 bilhões – é suficiente para comprar todos os remédios do programa brasileiro de aids ao longo de três anos. As informações são da Folha de S.Paulo. Leia a seguir a matéria na íntegra.

O Ministério da Saúde afirma que metade dos Estados investiu em saúde valores mais baixos que os determinados pela Constituição. Em 2008, 13 governadores deixaram de aplicar juntos R$ 3,1 bilhões em hospitais, remédios, exames, cirurgias e equipamentos médicos.

Com esse valor, seria possível construir 60 hospitais de médio porte (150 leitos) ou comprar todos os remédios do programa brasileiro de Aids ao longo de três anos.

A Constituição obriga os Estados a investirem no mínimo 12% de sua arrecadação própria em ações de saúde pública. O ministério analisou os balanços de todos os Estados referentes a 2008 e verificou quais cumpriram a lei. Os Estados negam haver problemas.

O Rio Grande do Sul foi o Estado que ficou mais longe do piso de 12% -aplicou em 2008 apenas 4,37%. Em seguida, ficou Minas Gerais -8,65%.

Na outra ponta da lista, entre os Estados que mais aplicaram em saúde naquele ano, apareceu o Amazonas -21,39% da arrecadação própria.

Prisões e reforma agrária


Em seus balanços, esses 13 Estados incluíram como gastos em saúde programas que não têm relação direta com o SUS (Sistema Único de Saúde).

O Piauí, por exemplo, contabilizou o dinheiro aplicado nas prisões. A Paraíba, na Polícia Militar. Alagoas, em programas de reforma agrária. Minas Gerais, no Fundo de Apoio Habitacional da Assembleia Legislativa. O Rio de Janeiro, nos programas de prevenção de catástrofes naturais.

O Paraná incluiu nas contas da saúde um programa que distribui leite a crianças carentes. Santa Catarina, o plano de saúde dos funcionários públicos estaduais. O Rio Grande do Sul, programas de saneamento básico e prevenção da violência.

Maranhão, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás também incluíram em seus balanços projetos que o Ministério da Saúde não reconheceu como de saúde pública.

Os governadores acabam não sendo punidos porque se valem da falta de regulamentação da emenda constitucional 29, o trecho da Constituição que desde o ano 2000 determina os 12% para a saúde.

A tramitação do projeto de lei que esclarece o que é saúde pública se arrasta no Congresso há cerca de dez anos.

O Conselho Nacional de Saúde, ligado ao governo federal, tem uma resolução que procura deixar claro o que são gastos com saúde. Como não tem força de lei, o documento é ignorado pelos governadores.

Quem julga as contas são os Tribunais de Contas dos Estados, que muitas vezes, porém, dão razão aos governadores.

No Paraná, o Ministério Público do Estado já apresentou à Justiça cinco ações civis públicas em que pede o cumprimento dos 12% constitucionais.

Uma já teve decisão favorável do juiz de primeira instância, mas o governo recorreu ao Tribunal de Justiça. As outras ações aguardam julgamento.

“Descaso”

Na opinião de Lenir Santos, advogada que coordena na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) o curso de especialização em direito sanitário, os governadores ignoram os 12% “por puro descaso”.

“Os Estados dão desculpas esfarrapadas. A emenda [29] é claríssima. Há absoluta clareza sobre o que é ação do SUS”, diz. “Veja como estão os hospitais públicos. O dinheiro faz falta.”

Violência também é problema de saúde, afirma RS

DA REPORTAGEM LOCAL

O RS diz que aplica 12% de suas receitas em saúde, argumentando que violência e saneamento básico são questões de saúde pública. O PR, por sua vez, alega que a saúde alimentar “previne diversos tipos de doenças”.

MG e ES afirmam que seguem as orientações de seus Tribunais de Contas. MT discorda da base de cálculo do Ministério de Saúde.

O RJ afirma que a Defesa Civil entra no cálculo da saúde por causa dos médicos militares que atendem em ambulâncias e postos de saúde.

SC diz que a lista de projetos de saúde presente no estudo do ministério não está correta. GO afirma que neste ano cumprirá os 12%.

Os demais Estados não responderam até a conclusão desta edição. (RW)

Fonte: Ricardo Westin - Folha de São Paulo
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V Lai Lai Apejo debate DST/Aids em Porto Alegre


Saúde da população negra é tema principal de seminário nacional realizado na capital gaúcha em junho.

A Associação Cultural de Mulheres Negras (ACMUN) juntamente com a Rede Nacional Lai Lai Apejo: População Negra e HIV/Aids realizam nos dias 28, 29 e 30 de junho o V Seminário Nacional Lai Lai Apejo, no Hotel Continental, Largo Vespasiano Julio Veppo, número 77, próximo a estação rodoviária de Porto Alegre.

O evento, que significa “Encontro Para Sempre” em expressão iorubá, tem como objetivo principal refletir os desafios enfrentados pela população negra frente à epidemia de HIV/Aids. Lai Lai Apejo pretende reunir ativistas do movimento negro, lideranças afro-religiosas, gestores e técnicos de saúde, conselheiros de saúde e integrantes do Fórum Ong Aids durantes os três dias com finalidade de estabelecer um diálogo entre Sociedade Civil e Governo.

A programação consiste em debates, palestras, mini-conferências e apresentações culturais. Os temas abordados durante o seminário serão sobre “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no Mundo”, além de “Produção de Conhecimento Científico – População Negra e HIV/Aids”, “Homens que fazem sexo com homens” e “Experiências em HIV/Aids e População Negra”.

Lai Lai Apejo é um encontro estratégico que tem como foco principal debater temas sobre a saúde da população negra. Promovido, inicialmente pela ACMUN, da cidade de Porto Alegre/RS, desde 2002, se torna um marco na história da capital gaúcha. Esta iniciativa propicia troca de experiências e saberes entre os participantes e prevê a luta em defesa da equidade de gênero e raça/etnia. O encontro em si, já reuniu centenas de pessoas desde sua criação, que através de troca de experiências procuram encontrar soluções para os problemas existentes na sociedade.

As fichas de inscrições para o V Lai Lai Apejo podem ser encaminhadas para o e-mail inscricoeslailaiv@yahoo.com.br. A taxa é de R$ 25,00 e deverá ser paga no ato do credenciamento.

Serviço:
O Quê: V Seminário Nacional Lai Lai Apejo
Onde: Hotel Continental, Largo Vespasiano Julio Veppo, número 77, próximo a estação rodoviária de Porto Alegre.
Quando: 28, 29 e 30 de junho.
Quanto: R$ 25,00


Programação
28/06

8h – credenciamento
9h – Saudação aos participantes
9h30m – Harmonização de Conceitos
Facilitadora: Fernanda Lopes – Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)

12h – Almoço
14h – Cerimônia de Abertura
15h - Conferência: “Análise de Conjuntura: Políticas Públicas de Saúde no Brasil e no Mundo”
Jurema Werneck – Conselho Nacional de Saúde
Coordenação: Rede Lai Lai Apejo (Jurema Werneck)
17h30m – Conferência: “Produção de conhecimento científico – população negra e HIV/AIDS”
Dra. Cristina Possas – Diretora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (UPDT/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais – MS)
Debatedora: Denise Botelho – Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN)

29/06
9h – População Negra e HIV/AIDS – Abordagem
Facilitadora: Fernanda Lopes – Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)

12h -
Almoço
14h – HIV/AIDS no Brasil e no mundo
Karen Bruck - Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – Ministério da Saúde
Debatedor: Celso Ricardo Monteiro – Coordenação Municipal de DST/AIDS de São Paulo
Coordenação: Rede de Controle Social e Saúde da População Negra (Verônica Lourenço)
16h – Temas em HIV e AIDS I
Juventude e Aids
Juliano Gonçalves Pereira – Rede Afro Atitude
Homens que fazem sexo com homens
Veriano Terto – Presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS
Coordenação: Rede Lai Lai Apejo (Cleusa Aparecida da Silva)
17h 30m– Temas em HIV e AIDS II
Viver com HIV – Eliana Aparecida dos Santos – Movimento das Cidadãs Posithivas
Nações Unidas HIV/Aids e Gênero - Ângela Donini - Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA)
Coordenação: Rede de Mulheres Negras do Paraná

30/06
9h –
Experiências em HIV/AIDS e população negra
Miranete Arruda – Gerente da Política de Saúde da População Negra do Recife/PE
Ângela Martins - Rede de Mulheres Negras do Paraná
Coordenação: Damiana Oliveira – Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais
10h30m – Agenda Comum
Coordenação: Rede de Religiões Afro e Saúde (José Marmo da Silva)
12h30m – Encerramento


Contato

ACMUN – (51) 3062-7009
Heloisa Duarte – (51) 8229-0662
Camila de Moraes – (51) 8451-6361
http://acmunrs.blogspot.com
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A formação da Rede Lai Lai Apejo

A Rede Lai Lai Apejo - População Negra e AIDS, nasceu de encontros que tiveram como foco a epidemia de HIV/AIDS realizados pela Associação Cultural de Mulheres Negras – ACMUN em Porto Alegre, Rio Grande do Sul - Brasil. Ocorridos nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2007, estes encontros congregam militantes e profissionais de saúde da sociedade civil comprometidos com ações que articulem o combate ao racismo e a saúde da população negra.

Com o objetivo de identificar a forma de operar dos segmentos sociais que atuam neste campo, o seminário permite dar visibilidade as ações desses sujeitos. A sequência dada aos encontros possibilitou ampliar as parcerias e financiamentos e consequentemente reforçar a participação de diferentes atores envolvidos com a temática proposta, criando-se assim a Rede Lai Lai Apejo – População Negra e AIDS, e ampliando o debate em torno de políticas públicas de prevenção que considerem os determinantes sociais da Aids nesse segmento populacional. A rede está representada por organizações do movimento negro e de mulheres negras nos estados do Rio Grande do Sul (ACMUN e Rede Sapatá), Rio de Janeiro (Criola e Grupo de Mulheres Felipa de Souza), Paraíba (Coletivo Nacional de Lésbicas Negras), Minas Gerais (Rede Afroatitude), Mato Grosso do Sul (Coletivo de Mulheres Negras), São Paulo (Geledés – Instituto da Mulher Negra e Casa Laudelina de Campos Melo), Paraná (Rede de Mulheres Negras do PR), Amazônia (Movimento dos Afrodescendentes e Afroindigenas da Amazônia) e Amapá (Instituto de Mulheres Negras do Amapá).

A criação da Rede promoveu o amadurecimento e fortalecimento entre as organizações da sociedade civil na atuação coletiva, com maior organicidade. Como principais resultados apresentam-se: 1) criação de um blog; 2) oportunidade de participação em diferentes eventos relacionados à temática e de controle social; 3) intercâmbio de experiências por e-mail; 4) realização de planejamento estratégico da rede.

No planejamento foram identificadas as problemáticas frente ao racismo institucional, e apontado como prioridade a definição de estratégias de controle social para a inclusão da política nacional de saúde integral da população negra no que diz respeito à política de DST e AIDS e a realização do V Seminário Lai Lai Apejo no ano de 2010.

Por Heloísa Duarte - enfermeira e integrante da ACMUN
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Congresso do Conasems debate a promoção da equidade

Além de propiciar discussões profícuas acerca de temas como financiamento e gestão da saúde, o XXVI Congresso do Conasems, em Gramado (RS), abriu espaço para encontros de segmentos da sociedade que amargam um histórico de discriminação. O objetivo do Conasems foi acolher esses atores e promover um debate integral e transversal das políticas de promoção da equidade.

A oficina Diversidade de Sujeitos e Igualdade de Direitos no SUS, realizada em 26 de maio, reuniu representantes da população negra, das mulheres, de pessoas com deficiência, do movimento LGBT, do campo e da floresta. Os participantes trocaram experiências e abordaram estratégias de enfrentamento das iniquidades vividas por esses grupos. Eles também ouviram relatos de diferentes formas de discriminação nos serviços de saúde e na sociedade, tais como racismo institucional, sexismo e homofobia - práticas que afetam diretamente a saúde dos envolvidos.

O encontro envolveu os prestadores de serviços diretos à comunidade e os usuários do sistema público de saúde, ou seja, secretarias municipais de saúde e movimentos sociais. Ao término da oficina, surgiram diretrizes para sensibilizar esses atores quanto à problemática da discriminação. A partir das proposições, os participantes elaboraram uma carta para o Conasems na qual constam reivindicações, que foram acolhidas pelo presidente Antônio Carlos Figueiredo Nardi. Entre elas, está a promoção da equidade, item incluído na Carta de Gramado.

Leia a carta produzida pela oficina na íntegra:

Gramado, 26 de maio de 2010
Ao Exmo. Sr. Presidente do CONASEMS
Antônio Carlos Figueiredo Nardi.


Nós, conselheiras de saúde, e coordenadoras da Oficina "Diversidade de Sujeitos e Igualdade de Direitos no SUS" queremos parabenizar o CONASEMS pela realização do XXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e agradecer o espaço cedido para realização desta atividade como parte da programação.
Esta oficina, articulada por representantes das Comissões Intersetoriais de Saúde da População LGBT, Negra, do Campo e da Floresta, da Mulher e de Pessoas com Deficiência, propiciou um diálogo entre o controle social, trabalhadores e gestores da saúde acerca do enfrentamento das iniqüidades que atingem estas populações historicamente discriminadas.
Após um rico debate, os participantes aprovaram alguns encaminhamentos que julgamos fundamentais e para os quais, certamente, contamos com o seu apoio. Tais propostas apontam a necessidade de maior debate e visibilização das iniquidades em saúde, bem como das estratégias para superá-las, além de reforços à qualificação de gestores e profissionais da saúde para a melhor execução de suas responsabilidades. São elas:
1. Inclusão permanente do tema na programação dos futuros congressos do CONASEMS, com a recomendação de sua inclusão nos congressos dos COSEMS.
2. Inclusão e aprofundamento do tema na formação acadêmica e na educação permanente de gestores, trabalhadores e conselheiros do SUS.
3. Criação de mecanismos de referência das diversidades de sujeitos nas gestões municipais, considerado suas singularidades e estímulo aos Conselhos de Saúde para que façam o mesmo.
4. Divulgar as experiências municipais exitosas destinadas ao enfrentamento das iniqüidades.
5. Pactuar Plano Operativo de superação de iniqüidades na CIT e nas CIB.
Considerando o compromisso já explicitado pelo CONASEMS ao longo de todo o Congresso com a superação das iniquidades, sugerimos sua inclusão na carta do CONASEMS.
Atenciosamente,
Maria de Lourdes Alves Rodrigues - Conselheira nacional, representante do Movimento LGBT.
Carmen Lucia Luiz -Conselheira nacional, coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da População LGBT.
Jurema Werneck - Conselheira nacional e coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra.
Maria do Espírito Santo Tavares dos Santos - Conselheira nacional e Coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher.
Maria Tereza Antunes - Conselheira nacional, representante do Movimento de Pessoas com Deficiência.

Fonte: Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
http://www.conasems.org.br
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O insustentável preconceito do ser!


Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.

Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:

- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.

Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:

"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".

"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.

O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:

"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".

Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos", mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !

E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...

Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".

Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.

O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

-Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos...



Rosana Jatobá é jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo. Também apresenta a Previsão do Tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo.

Esse texto é parte da série de crônicas sobre Sustentabilidade publicada na CBNO insustentável preconceito do ser!
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Bahiana


Foto da exposição realiza
na Unicamp maio/2010.
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